segunda-feira, 24 de maio de 2010

Testemunho de Augusta Vilela


Decidi escrever este artigo para desmistificar a ideia que se criou de que o RVCC é sinónimo de facilitismo.
O ser humano tem o péssimo hábito de criar estereótipos e o desconhecimento leva a que sejam formulados juízos de valor pré-concebidos. É muito comum cairmos em dois erros completamente opostos, no primeiro somos passivos e aceitamos tudo como se fossem dogmas, no segundo criticamos tudo demasiado cedo sem conhecimento prévio das situações. Para evitar que se cometa o segundo erro deveria haver mais humildade e principalmente sermos mais receptivos em relação às inovações que vão surgindo. Este parece ser o caso das Novas Oportunidades.

Sem generalizar, e sabendo que cada Centro é singular, no meu caso pessoal, no CNO da Escola Secundária Campos Melo, a realização do processo RVCC foi para mim sinónimo de qualidade, dedicação e trabalho pois todas as semanas, sem excepção, ia às sessões. O processo fez-me sentir o poder mágico das palavras que brotaram da minha história de vida e, citando Eugénio de Andrade:

"São como um cristal
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras, orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem."



Também considero que foi fundamental ter tido uma excelente Profissional como a Dr.ª Olga a orientar-me e a encorajar-me ao longo deste processo. Senti-me bastante realizada por poder abordar temas culturais e sociais que sempre me fascinaram, especialmente a pintura, literatura e os problemas ambientais que estamos actualmente a enfrentar. A apresentação final em Júri foi muito importante porque me ajudou a vencer um pouco a timidez, além disso a simpatia e boa disposição dos membros do júri foram fundamentais para esse momento ser ainda mais especial.
Para que um país possa avançar é necessário investir na educação e acreditar em todos aqueles que querem continuar a ampliar os seus conhecimentos e que querem seguir os seus planos de futuro, também para o Ensino Superior. Pois, se existissem mais alunos que se certificaram num CNO não só, a afirmar intenções de prosseguimento de estudos em cursos superiores mas, a frequentá-los e concluí-los com sucesso, isso contribuiria para desmistificar as tais ideias pré-concebidas e a valorizar saberes adquiridos. Em relação aos meus projectos de entrar no Ensino Superior, apesar de ser muito difícil conciliar vida pessoal, profissional e os estudos continuo a pensar que não existem metas impossíveis de alcançar e para tal, não resisto à tentação de citar um grande poeta português Fernando Pessoa:


“Para ser grande, se inteiro.
Nada teu exagera ou exclui.
Se todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes."

Não posso deixar de citar também T. H. Huxley:
"O conhecido é finito, o desconhecido infinito, intelectualmente estamos numa ilha no meio de um oceano ilimitado de inexplicabilidade. O nosso dever em cada geração é recuperar um pouco mais de terra."


Deste modo, penso que prosseguir a minha valorização é essencial, ganhando pois, terra ao oceano.


Augusta Vilela
Maio de 2010



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